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O que você precisa saber sobre as dores e delícias de ser mulher no TI!

Tecnologia e Inovação
calendar 3.3.2017

Você já sentiu um certo desconforto ao receber olhares desconfiados só pelo fato de você ser mulher e estar em um ambiente composto majoritariamente por homens?

Você já ouviu que você é “muito feminina” ou até mesmo “muito bonita” para trabalhar em certo campo profissional (como se uma coisa tivesse relação com a outra)?

Essa daqui eu tenho certeza que você já ouviu no trabalho: “Tá de TPM, é?”

Vou ser mais específica!

Você já percebeu que há uma diferença considerável (para não dizer um abismo) entre o número de mulheres e homens trabalhando com TI?

Pois é! Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), nós, mulheres, somos apenas 20% dos mais de 580 mil profissionais de TI no Brasil!

Por isso, quando me perguntaram se eu gostaria de escrever um artigo para o Dia Internacional da Mulher, a primeira coisa que me veio à cabeça foi a minha própria trajetória.

Nos tempos da faculdade

Vou tentar contar de maneira resumida, tá?

Eu já havia feito cursos de informática quando era criança, porque era bastante curiosa em relação à tecnologia, além de ter muita liberdade de escolha em casa.

Acontece que fiz o ensino médio normal, enquanto a maioria fazia o técnico antes de ingressar no curso superior. Apesar de não ter me preparado tecnicamente, acabei prestando vestibular e passando em Sistemas de Informação.

No primeiro dia de aula na faculdade, eu notei que eram poucas mulheres na sala. Contando comigo, eram nove entre os 40 alunos, e passando o tempo esse número diminuiu.

Era muito estranho quando eu ia até o laboratório de informática, principalmente durante o dia (minhas aulas eram à noite), pois os alunos do curso de Ciências da Computação, que era diurno, olhavam e comentavam a respeito da minha presença ali.

Uma vez eu até ouvi: “tem mulher aqui no laboratório!”, como se fosse algo chocante.

Ao longo do tempo, fiz amizade com pessoas de outros cursos, que me convidavam para as festas em suas repúblicas. Nas festas, ao conhecer uma pessoa nova, surgia a pergunta de qual curso eu fazia.  A reação era sempre de espanto quando eu dizia que era de Sistemas de Informação.

Perdi a conta de quantas vezes ouvi frases do tipo: “não sabia que tinha mulheres no curso” ou “mas você é tão feminina para ser de TI”. E foi assim durante todo o tempo em que estive na faculdade.

No mercado de trabalho

Já formada e trabalhando no setor de TI, enfrentei algumas situações chatas com alguns ex-colegas de trabalho, como assédio, manterrupting, mansplaining, piadas machistas, etc.

Felizmente, nunca fui inferiorizada ou questionada tecnicamente pelo fato de ser mulher em nenhuma das empresas por onde passei, embora a situação ainda seja recorrente, e em escala mundial.

E pior, a situação se agrava quando são em cargos de gerência! Basta relembrar o caso de Ellen Pao, que processou a companhia Kleiner Perkins Caufield&Byers por discriminação de gênero no Vale do Silício.   (Leia mais sobre o desdobramento da história)

Apesar de ter perdido a causa, a ação encorajou mais mulheres a denunciarem assédios sofridos em outras empresas, como Facebook, Twitter e Google.

Em muitos casos, funcionárias que ocupavam o mesmo cargo e possuíam a mesma experiência que seus colegas do sexo masculino, recebiam um salário inferior. Segundo dados da PNAD, as profissionais de tecnologia no Brasil ganham 30% menos do que eles.

Essa situação provoca a migração dessas profissionais para outras áreas, e com isso, aumenta a desproporcionalidade entre homens e mulheres no quadro de funcionários das empresas do setor.

Algumas empresas, para tentar amenizar esse quadro, resolveram adotar medidas de incentivo para que as meninas e mulheres se interessassem em seguir carreira no setor de TI. Um exemplo foi o Facebook, que já ofereceu aulas gratuitas de programação para mulheres.

O engraçado, ou grave, é que nem sempre foi assim. Olha só:

  • A equipe que programava o primeiro computador, o Eniac, era formada por mulheres;
  • Aqui no Brasil, a primeira turma de Ciências da Computação do Instituto de Matemática e Estatística (IME) da USP era em sua maioria, 70%, formada por mulheres;
  • Ada Lovelace foi a primeira programadora da história;
  • Grace Hopper criou a linguagem de programação Flow-Matic, que serviu de base para o COBOL.

Afinal, o que fez mudar essa proporção? Por que o jogo virou?

Um dos fatores é que lá no comecinho, a computação era mais voltada para a matemática, secretariado e processamento de dados. A partir do fim dos anos 70 e início dos anos 80, com o lançamento dos PCs e mainframes, o computador se tornou um negócio bilionário e majoritariamente masculino.

Outro fator é o familiar. Desde a infância, os garotos são estimulados a montar e desmontar coisas, o mesmo não ocorre com as garotas.

Além do reforço de alguns estereótipos, como a ideia de que os homens têm mais afinidade com matérias exatas e as mulheres com as humanas, mesmo que não exista nenhuma comprovação dessa teoria.

Depois de contar um pouco da minha passagem na faculdade e sobre a diferença ainda existente no setor de TI, dá para perceber que muito precisa ser mudado, né?

Principalmente, levando em consideração que somente em 1879 as mulheres brasileiras conseguiram autorização para estudar em instituições de ensino superior, e que até 1962 elas só podiam trabalhar com a autorização do marido.

Mas já houve um grande avanço.

Hoje, pouco mais de cem anos depois, as mulheres já são maioria no ingresso e conclusão do ensino superior, e a cada dia cresce mais a participação no mercado de trabalho.

Em 2015, as mulheres já eram responsáveis pelo sustento de mais de 37% das famílias brasileiras, de acordo com o IBGE.

Aqui na NeoAssist a gente faz questão de discutir sobre machismo e sexismo muito francamente. São questões tão estruturais que nenhum ambiente está totalmente imune a situações como essas, nem mesmo aqui.

Mas, afinal, é pelo diálogo que a gente passa a desnaturalizar algumas coisas e tentar gerar um ambiente mais proporcional possível para se trabalhar.

Ou seja, as barreiras ainda existem, mas estão sendo derrubadas.

O que precisamos saber é que nós não estamos sozinhas!

Para que não conhece, a Girls in Tech (GIT)  é uma organização global sem fins lucrativos que eu sou muito fã. Ela é focada no engajamento, educação e empoderamento das mulheres e meninas que são apaixonadas por tecnologia!

Hoje a GIT é uma headquarter em São Francisco e está presente em vários lugares do mundo como França, Emirados Árabes, Índia e aqui, no Brasil!

Fica aí a dica, então, dos programas incríveis que a organização tem: Lady Pitch Night, Catalyst Conference, Coding and Design Bootcamps, Hackathons, XChange, Global Classroom, GIT WORK, e várias outros.

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