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O que é etarismo e qual a sua relação com o mercado de trabalho de pessoas idosas

Tecnologia e Inovação
calendar 19.10.2022

Talvez você já tenha se deparado com o termo “Etarismo”, mas você sabe o que ele significa e qual o impacto na vida de pessoas idosas principalmente no mercado de trabalho?

Em 1 de outubro é celebrado o Dia Internacional das Pessoas Idosas e pensando nisso, trouxemos este artigo para discutir mais sobre esse assunto. Continue acompanhando.

Mas afinal, o que é Etarismo?

Etarismo é a discriminação contra pessoas com base em estereótipos associados à idade. Esse preconceito se manifesta através de diferentes maneiras de abordagem ao idoso, como piadas, infantilização e atitudes de exclusão. Alguns exemplos de discurso e expressões etaristas que muitas vezes não identificamos como ofensivo, são:

  • “Você não tem idade pra isso.”
  • “Qual o segredo para estar tão conservada(o)?”
  • “Você parece mais jovem.”
  • “É um(a) coroa enxuto(a) para a idade dele(a).”
  • “Que bonita! Não entrega a idade”
  • “Você deve ter sido muito bonita(o).”

Impactos do etarismo para a população idosa

Como pudemos ver acima, diversas expressões etaristas estão enraizadas no nosso dia a dia e como consequência, as pessoas idosas encontram dificuldades em diferentes áreas da vida e têm muitos dos seus direitos fundamentais violados, ou simplesmente não implementados por conta disso.

Um exemplo é no âmbito profissional, relacionado com o direito ao trabalho e à autonomia dos idosos. A desvalorização da população idosa e a desqualificação desses indivíduos no mercado de trabalho podem ser consideradas como um sintoma do etarismo na sociedade.

No Brasil, segundo reportagem do UOL (2020), com base em dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), os trabalhadores idosos foram os mais impactados com a falta de vagas e o desemprego na pandemia. Estima-se que cerca de 600 mil trabalhadores com 60 anos ou mais perderam o emprego entre o fim de 2019 e o segundo trimestre de 2020.

Além disso, essa exclusão social afeta a saúde das pessoas idosas e dificulta o seu acesso a serviços e tratamentos adequados. É o que diz a pesquisa de Alana Officer (2020), chefe do Departamento de Mudança Demográfica e Envelhecimento Saudável da Organização Mundial da Saúde (OMS).

O estudo indica que pessoas idosas que sofrem discriminação são mais suscetíveis a desenvolver doenças crônicas como problemas cardiovasculares e alzheimer, assim como pode contribuir para o declínio da capacidade funcional cognitiva e física.

No Brasil, de acordo com o UOL (2020), com base em dados da Pesquisa Idosos no Brasil realizada pelo Sesc São Paulo e pela Fundação Perseu Abramo, cerca de 18% dos idosos que participaram do estudo afirmaram terem sido discriminados ou maltratados em um serviço de saúde no país.

Empresário afro-americano sênior fazendo compras usando cartão e laptop interno

Diversidade etária no mercado de trabalho

Quando falamos de pessoas idosas, um dos nossos primeiros pensamentos é a aposentadoria, mas por qual razão temos tão enraizada a noção de que a terceira idade não é mais eficiente ou mesmo útil para o mercado de trabalho?

Em um país em que 26% da população tem acima de 50 anos, as oportunidades de emprego nessa faixa etária são restritas. A participação desse grupo não ultrapassa os 10% em muitas empresas, conforme estudo da plataforma de realocação Maturi e da EY Brasil.

Com o aumento da idade de aposentadoria (62 anos para mulheres e 65 para homens) e uma expectativa de vida cada vez maior, as pessoas vão precisar ficar mais tempo no mercado de trabalho. Intitulada “Por que pessoas 50+ não são consideradas como força de trabalho em um país que envelhece?”, a pesquisa realizada pela Maturi e EY Brasil mostra que 57% dos trabalhadores terão mais de 45 anos em 2040.

De olho nesse descompasso e na escassez de mão de obra especializada, companhias como a PepsiCo, Deloitte, Credicard, Banco Neon e Kimberly Clark estão desenvolvendo programas para aumentar a diversidade etária de suas equipes.

Para absorver esse contingente de mão de obra sênior, as empresas terão de criar políticas consistentes para reduzir barreiras à entrada e manutenção desses profissionais no mercado. Hoje há uma dificuldade crescente para a geração madura se inserir no mercado de trabalho exatamente por causa do etarismo e dos avanços tecnológicos.

Como combater o etarismo?

De maneira geral, a OMS em seu relatório Global Report on Ageism (2021), manifesta que o etarismo tem sérias consequências para os direitos humanos e o bem-estar da população idosa, contribuindo para o isolamento social e podendo aumentar os riscos de violência e abuso contra pessoas idosas.

Dessa forma, a efetivação das leis e o cumprimento dos direitos dos idosos é apenas um aspecto para combater o etarismo, em que o combate apropriado passa pela realização de medidas em diferentes áreas da vida.

Assim, o relatório indica três principais medidas a serem aplicadas para que o etarismo seja combatido e eliminado da sociedade. São eles:

  • Políticas e leis: Políticas públicas e leis podem reduzir o etarismo, especialmente se direcionadas para o respeito aos direitos humanos e para o combate à discriminação e à desigualdade. Isso pode ser alcançado pelo fortalecimento de instrumentos e mecanismos governamentais que garantam de forma efetiva o cumprimento dos direitos voltados à população idosa.
  • Intervenção educacional: É tido como importante incorporar em todos os níveis de ensino, desde a educação básica até a educação superior, a conscientização sobre o etarismo. Atividades educacionais ajudam a promover a empatia e a reduzir concepções equivocadas sobre a senioridade, reduzindo por consequência, visões preconceituosas e estereotipadas.
  • Intervenções de contato intergeracional: É preciso que investimentos sejam feitos para que haja um maior contato social entre gerações, aumentando a interação entre diferentes grupos de diferentes faixas etárias, de maneira a reduzir visões preconceituosas entre eles.

Dessa forma, é importante considerar que, tanto a sociedade quanto o Estado, precisam ressignificar a conceituação de idoso, a partir da criação de uma consciência crítica, considerando também as questões de desigualdades sociais, econômicas e culturais.

Para tratar essas questões, é necessária a criação de conselhos municipais e estaduais, para que as políticas inclusivas e protetivas sejam adaptadas à realidade de cada local e cada pessoa idosa.

E, para além da criação de leis e políticas, é necessário que todos voltem sua atenção a esta população e ajam com o cuidado devido, em conformidade com os direitos e garantias já previstos no ordenamento jurídico brasileiro e no sistema internacional.

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